POEMA
Duas ervilhas
Duas ervilhas gandaiam
em lavrado prato branco.
Uma é esguia e movediça
a outra é plácida e desocupada
pronta a ser degustada.
Ao dirimir do garfo
a inconstante ervilha
esguia-se
e não se deixa trespassar.
De investida em investida
o sedutor poeta
embriagado pela fantasia
teima em bandarilhar.
Exausto de tanto assédio
abandona-a ao pranto
desiste de a picotar...
Quanto à remanente ervilha
tinha o fado traçado
foi papada...
Luis Carvalho Barreira, ODE1O, 1991