Duas ervilhas

Luis Carvalho Barreira

Grafias de Duas Ervilhas

serie: instantes trágicos

Fotografia / Poesia

arquivo: 2024_07_22_NK4_2157

POEMA


Duas ervilhas

 

Duas ervilhas gandaiam

em lavrado prato branco.

Uma é esguia e movediça

a outra é plácida e desocupada

pronta a ser degustada.

Ao dirimir do garfo

a inconstante ervilha

esguia-se

e não se deixa trespassar.

De investida em investida

o sedutor poeta

embriagado pela fantasia

teima em bandarilhar.

Exausto de tanto assédio

abandona-a ao pranto

desiste de a picotar...

Quanto à remanente ervilha

tinha o fado traçado

foi papada...

Luis Carvalho Barreira, ODE1O, 1991