Carlos Drummond de Andrade

árvore

Luís Barreiraarquivo: 11_13_IMG_5677, 2015

Luís Barreira

arquivo: 11_13_IMG_5677, 2015


«Glória aos fotógrafos, a essa objectiva humilde que vai visitar as árvores na mata, no jardim público ou à beira da estrada, e delas recolhe a imagem menos imperfeita, porque menos individualista - árvore em estado de árvore. Não me achando em condições de possuir um sítio, nem mesmo uma araucária particular, incompatível com as dimensões do metro quadrado em que resido, eu (e aqui sou João, Leovigildo, Heitor, homem urbano em geral) consolo-me contemplando algumas fotografias de olmos, faias, eucaliptos, jequitibás, espécies resinosas e essências. Amo vê-las em grupo ou isoladas, oferecendo à pressão do vento a massa compacta de folhagem; reflectindo, interceptando ou matizando os raios solares que tentam penetrá-las; lavando-se à beira da corrente, em sincera solidão; ou ainda contrastando com os frágeis monumentos de pedra, tijolo e cimento, que chamamos de casas, e que é tão raro não "sobrarem" na natureza; e até mesmo esparsas entre esses outros monumentos, os mais frágeis de todos, de nervos e vasos sanguíneos, que chamamos homens, e tampouco sabem integrar-se no conjunto natural onde folhas, raízes, insetos e ventos se organizam sem política.»

 

Carlos Drummond de AndradePasseios na Ilha (1952)

Delfos

Luís BarreiraDelfos, 1984Coordenadas: 38°28'55.7"N 22°30'05.9"EFotografia/Diapositivosérie:arquivo: SLIDE_1461, 1984

Luís Barreira

Delfos, 1984

Coordenadas: 38°28'55.7"N 22°30'05.9"E

Fotografia/Diapositivo

série:

arquivo: SLIDE_1461, 1984

To the Oracle at Delphi

 

Great Oracle, why are you staring at me,

do I baffle you, do I make you despair?

I, Americus, the American,

wrought from the dark in my mother long ago,

from the dark of ancient Europa--

Why are you staring at me now

in the dusk of our civilization--

Why are you staring at me

as if I were America itself

the new Empire

vaster than any in ancient days

with its electronic highways

carrying its corporate monoculture

around the world

And English the Latin of our days--

 

Great Oracle, sleeping through the centuries,

Awaken now at last

And tell us how to save us from ourselves

and how to survive our own rulers

who would make a plutocracy of our democracy

in the Great Divide

between the rich and the poor

in whom Walt Whitman heard America singing

 

O long-silent Sybil,

you of the winged dreams,

Speak out from your temple of light

as the serious constellations

with Greek names

still stare down on us

as a lighthouse moves its megaphone

over the sea

Speak out and shine upon us

the sea-light of Greece

the diamond light of Greece

 

Far-seeing Sybil, forever hidden,

Come out of your cave at last

And speak to us in the poet’s voice

the voice of the fourth person singular

the voice of the inscrutable future

the voice of the people mixed

with a wild soft laughter--

And give us new dreams to dream,

Give us new myths to live by!

 

 

Lawrence Ferlinghetti, 1919

Menhir  do Outeiro, 2015

Luís BarreiraMenhir do Outeiro, 2015Fotografiasérie: Megalíticosarquivo: 03_5497, 2015

Luís Barreira

Menhir do Outeiro, 2015

Fotografia

série: Megalíticos

arquivo: 03_5497, 2015


MENIR

Salve, falo sagrado,
Erecto na planura
Ajoelhada!
Quente e alada
Tesura
De granito,
Que, da terra emprenhada,
Emprenhas o infinito!

MIGUEL TORGA, Diário XIV, Coimbra, 1995, p. 1461.

Eugénio de Andrade

“Não sejas como a névoa, nem quimera.
Demora-te, demora-te assim:
Faz do olhar
tempo sem tempo, espaço
limpo – do deserto ou do mar.”

Eugénio de Andrade

Foto: Luís BarreiraSintra, 2014

Foto: Luís Barreira

Sintra, 2014