Green vase

Luís Barreira, Green Vase, 1989Acrílico s/tela70X60 cm

Luís Barreira, Green Vase, 1989

Acrílico s/tela

70X60 cm

malmequer

Luís Barreiramalmequer, 1989Parissérie: odegráficaFotografia / Poemaarquivo: 2019_06_09_NK2_5002

Luís Barreira

malmequer, 1989

Paris

série: odegráfica

Fotografia / Poema

arquivo: 2019_06_09_NK2_5002

m a l m e q u e r

 

o malmequer

mal me quer

bem me quer, mal

me quer

bem-me-quer

o amor que despetala

o meu Bem, mal me quer.

Incrédulo

escuto o meu Bem

desnudar-se em bem-me-quer, mal-me-quer

o malmequer.

se o meu Bem me quiser

mal

deito-me com o malmequer

Poema, 1989 © anartchist

Jorge Pinheiro

Jorge Pinheiro, O corvo, 1989Pintura óleo s/ telaCol. Particular

Jorge Pinheiro, O corvo, 1989

Pintura óleo s/ tela

Col. Particular

Jorge Pinheiro 

Nasceu em Coimbra em 1931

Formado pela ESBAP em 1963 com a classificação de 20 valores formou em 1968 o grupo dos "Os Quatro Vintes" juntamente com Ângelo de Sousa, Armando Alves e José Rodrigues.

Depois de uma incursão no abstracionismo geométrico, nos anos 60, Jorge Pinheiro retoma a tendência figurativa com um conjunto de quadros de temática religiosa e mística, dos quais destacamos a série dos Bispos realizados a partir dos anos 70.

Jorge Pinheiro (que foi meu professor na ESBAL) é um dos grandes pintores portugueses do nosso tempo (Século XX-XXI).

 

28, um eléctrico da Graça aos Prazeres

Estou farto!

Disse várias vezes à minha amiga enquanto preparávamos a forma de passar de ano. Abomino a embriaguez colectiva da passagem de ano: dos rituais oníricos, do excesso de álcool, da gula ostentada, da privação do sono como forma de estender este dia inebriante. Aquilo que mais me tormenta é a ideia de perda, não no sentido literal do termo, mas na consciência de privação de algo irrepetível. É um sentimento muito forte que quarta a minha natureza. Não entendo o que as pessoas festejam: se é o desejo de um ano melhor, ou se é a vontade de aniquilar o passado. Em ambas as situações parecem-me ridículas e contraditórias. Como se pode desejar um ano melhor quando a ordem natural das coisas é de carregarmos as incertezas da vida, que a provecta idade se prontifica a desmentir? Do mesmo modo, como se pode decretar – festejando –, o fim de um passado reminiscente? Odeio a festa do Ano Novo… e as formas ridículas de o comemorar.

Ao invés, agrada-me o recanto e a ideia de congelar o momentum. Eternizar um breve espaço de tempo. É como se pudéssemos viajar infinitamente para o interior, para dentro de nós. Um instante sedento de paixão na imensidão do tempo esgotado, na ínfima partícula da nossa curta experiência. Uma vontade perene de contrariarmos o absurdo de Zenão. Façamos uma curta viagem desde a graça do nosso encontro até aos prazeres da cópula nupcial e comemoremos, então, o nosso momento. Saiamos do nosso reduto com uma garrafa de champanhe e algumas passas, apanhemos o último eléctrico, 28, na graça de teu corpo, percorramos as artérias estreitas e sinuosas de Alfama, façamos amor por altura do Largo das Belas Artes, deleitemo-nos no Chiado, sigamos pela calçada do Combro rumo à Basílica da Estrela e morramos nos (em) Prazeres.

Não tenho bem presente o instante em que ela se tornou cúmplice, mas a proposta tinha tanto de sedutora como de trágica. Há algo de fatídico no amor que é a ideia de morte. Uma espécie de feromona intelectual indissociável à sobrevivência emocional e, em última instância, ao amor físico. Caminhamos inexoravelmente para o fim, o fim deste nosso amor trilhado da Graça até aos Prazeres num eléctrico chamado desejo.

Texto* de Luís Barreira (1989)

*sinopse para uma curta metragem

entropia

Nos anos 80 entre o mergulho no caos e o chafurdar na desordem, a entropia da arte encerrava em si um movimento de redescoberta da harmonia. O expressionismo gestual da pintura, que rompe em sucessivas camadas de tinta, dá lugar ao rasgar de espaços fruto do reenquadramento da máquina fotográfica. A fotografia como veículo, instrumento, das artes plásticas.

Luís Barreiraprojecto: entropia & arte (1982-1989)6 fotografias / trabalhos expostos na I Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira, 1989Série: entropia

Luís Barreira

projecto: entropia & arte (1982-1989)

6 fotografias / trabalhos expostos na I Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira, 1989

Série: entropia